André,

terça-feira, 3 de agosto de 2010
eu sempre fui uma pessoa muito reservada e tive muita dificuldade em expressar os meus sentimentos perante as pessoas. Simplesmente não o sei fazer, quer por escrito quer a falar, a única maneira que costuma resultar é, discretamente, pelas minhas acções. Mas enfim, vou dar o meu melhor. Aquilo que escreveste deu-me coragem de fazer uma coisa que queria ter feito já à bastante tempo.
Eu não sei nem por onde começar, é tanta coisa... Vou apenas limitar-me a escrever conforme as coisas me vêm à cabeça... Porque não sei como melhor fazer isto.

(EDIT: E desculpa lá o testamento. Agora responde-me com um "ok" ou algo do género e morres! Uma pessoa aqui cheia de trabalho... Mereço que sejas simpático! Also, não me apetece ir emendar os erros que por ai estão.)

Tu foste sempre aquela pessoa que ainda hoje não sei explicar o porquê de nem eu sei bem o quê.

A primeira vez que falei contigo, a primeira vez que te vi depois daquele Photoshoot (que foleiro, falar de eventos aqui)... Não sei! Houve um click qualquer dentro de mim, uma espécie de linha invisível que me prendeu automaticamente a ti. Mas lembro-me de tudo tão bem, aquele meet com o concerto dos Tempura em que tu me puxaste, juntamente com o Killi, para snifar incenso, oh, parvoíces. Havia algo em mim que queria sempre ter assunto de conversa contigo, ver-te... Mas que sabia eu, não passava de uma pita de 15 anos, não é? Isto não é de modo algum um ataque, é simplesmente o que acho, eu era realmente uma pita que não entendia muita coisa e, penso que naquela altura até tu pensavas isso de mim.

E é, devido a isso, que hoje penso que foi esse meu pensamento que me fez "parar" e entrar uma relação com o Pedro. Porque não, não é? Eu nem sequer sabia porque raio me importava tanto contigo. A verdade é que por algum motivo que me ultrapassava por completo, ele tinha ciúmes teus.

Chegou um ponto em que no FIBDA desse ano eu fiquei realmente muito zangada comigo mesmo. Tu estavas lá com uma rapariga completamente desconhecida para mim e pronto, houve um bichinho qualquer que me picou e sai de la completamente amuada, sabia lá eu porquê. Isso não era suposto de me acontecer de modo algum, certo?
(Que criança...)

Algum tempo passou e o que eu tinha com o Pedro, apesar de ter superado muitos obstáculos que até são do teu conhecimento (e de muitos outros, diga-se de passagem), começou a desvanecer-se. No entanto, contigo continuava a conversar.

As nossas conversas - conversas essas que até hoje nunca foram lidas por mais ninguém - aos olhos de muitos poderiam parecer muito estranhas e erradas até. Não que isso me importasse, no fundo, mesmo que uma parte de mim dissesse que não devia continuar com isso, a outra parte dizia para ir com o flow, que não pensasse sequer nas consequências, afinal de contas, o que eu tinha com o Pedro desapareceu.

Mas foi com o Pedro que aos poucos comecei a crescer, a deixar as pitisses para trás. Comecei a entrar devagarinho no mundo dos crescido e foi depois de termos acabado o namoro que acordei para o que possivelmente se estava a passar comigo. Se calhar aquelas conversas que tinha contigo significavam algo mais para mim do que ao que inicialmente pensei. Comecei a perguntar a mim mesma "Será que...?". Bem, chegou aquela altura em que pensei seguramente que sim, gostava de ti.

Apesar de ter "começado" a crescer, nessa altura a minha mente ainda não era totalmente adulta (e possivelmente, nem hoje é) mesmo que dissesses que para a minha idade, já não tão criança como as outras pessoas da minha faixa etária.

Com 16 anos quase que acabados de fazer, criei coragem e pensei "Porque não? Não tenho nada a perder." E assim combinamos "sair". Novamente, lembro-me muito bem de tudo. Lembro-me do meu nervosismo naquele barco, do meu coração quase a saltar do peito quando pela primeira vez me beijaste...De tudo. Tal como tu de certeza que também te lembras. Mas lá está, entreguei-me simplesmente e não quis pensar em consequências. Voltei feliz para casa a cantarolar Hey There Delilah.

Depois disso foram uns dias felizes e todos esperançosos (para mim, obviamente) até que não sei. Acho que passado algum tempo me apercebi que algo estava mal. As nossas conversas começaram a "morrer" e como eu sempre fui uma treta autêntica a ter assunto de conversa, chegou uma fase que morreram mesmo. Nessa altura meti na cabeça que tinha aparecido uma rapariga qualquer na tua vida. Isso conseguiu irritar-me muito, no entanto permaneci calada. Não queria ser chata, uma coisa que tenho sempre medo de ser, e muito menos poder dar a entender que tinha algum sentimento além da amizade por ti (se calhar não consegui esconder bem, na mesma). Não te culto de modo algum por isso, eu nessa altura fui uma autêntica idiota. Não culpo ninguém mas se agora tiver de culpar alguém, culpo-me a mim própria. Eu é que fiquei calada e nunca mais fui meter conversa. Se eu não tivesse feito isso sabe-se lá o que poderia ter acontecido, eu nem sequer sabia se realmente existia alguma moça.

Entretanto apareceu mesmo alguém na tua vida, a Carolina.
Credo, como eu fiquei magoada contigo apesar de não teres tido culpa alguma. É que andei mesmo totalmente "emo" durante esses tempos. Mas nunca te desejei qualquer mal com ela, ou pensei coisas feias a teu respeito, eu gostava de ti e queria que fosses feliz.
Foi bom enquanto durou.

Com a minha pequena revolta mental cometi várias disparates, meti-te com outras pessoas (lol) só para provar a mim mesma que não precisava de ti para nada. Lá cheguei à conclusão que estava a ser uma autêntica parva, que isso não ia ajudar-me em nada, apenas estava a ser ridícula, por isso parei.

Aos poucos, depois de me mentalizar que não havia nada a fazer, lá comecei a melhorar. É ai que entra uma pessoa, uma pessoa que ajudou a curar o meu ego ferido, o Guilherme.
Bem, eu já te contei essa história, essa história que a pessoa acima referida foi bisbilhotar nos meus registos. O que tenho a dizer é que ele não agiu nada bem, mas eu também não. Nunca o devia ter usado como ombro de apoio, foi uma coisa horrível da minha parte de se fazer mas bem, toda a gente erra. Com isso aprendi e agora não vou voltar a cometer o mesmo erro. Isso não quer dizer que não tivesse mesmo gostado dele, até gostei e arrependo-me profundamente do que lhe fiz. Mas realmente comecei a ver que aquilo não ia evoluir mais e como nesse tempo todo que passou - entretanto já tinha feito os meus 17 anos (e tu viste-me no meu dia de anos, no Cais do Sodré à espera dos convidados para a minha festa de anos, estavas com a Carolina, cumprimentaste muita gente e não me falaste, fiquei um bocadinho triste, mas tu pensavas que eu estava chateada contigo...) - começava a entender ainda melhor o mundo à minha volta e vi mesmo que não podia continuar a mentir a mim mesma, nem lhe mentir a ele, que não merecia.
(É aqui que entra aquela teoria que "gosto muito" que as pessoas de usam enquanto necessitam, não que seja por mal, mas é inconsciente. Os humanos são egoístas por natureza. Lol.)

Adiante, mas mesmo assim dentro da época em que namorava com o Guilherme. Como deves de ter entendido, eu nunca te superei completamente. Quando te vi naquela festa do Montijo quis fugir de ti, não que estivesse chateada contigo ou algo do género, mas apenas porque não sabia o que fazer ao encarar-te novamente depois daquilo que passamos. O Guilherme compreendeu e lá largamos o grupinho para eu não ter de te ver. Não que isso tivesse resolvido muito mas tive o "azar" de te ter de cumprimentar naquela noite. Não soube mesmo o que fazer e quis desaparecer dali o mais rápido possível.

Passaram-se uns tempos depois desse incidente, apanhou mesmo o momento certo em que o meu relacionamento com o Guilherme tinha começado a entrar em crise. Mas oh, nesse momento já eu estava completamente curada (pensava eu). Chegou o dia do FIA, aquele cosplay onde eu voltei a usar aquele fato com que tu me viste pela primeira vez, de Seras Victoria, e do nada apareceste lá. Quando me contaram isso eu entrei em transe. Novamente não sabia o que fazer. Fui a palco, desfilei com o fato. Bolas, estava tão nervosa nesse momento, sai do palco e não me consegui conter apesar do esforço, desatei a chorar agarrada a minha amiga Carolina. Ela perguntava-me que raio eu tinha e o que tinha acontecido. Eu só soube responder "Nervos. Nervos de estar aqui uma pessoa que não devia estar porque eu quero conseguir falar com ela mas não consigo.". Ela abraçou-me e acalmou-me. Entretanto apareceu o Vic que entendeu logo que eu não estava bem, apesar de não saber de nada da nossa história e também me acalmou como só ele sabe fazer. Deixei de ser estúpida naquele momento. Porque carga de água estava eu ali a chorar?! Tinha de ter coragem, tu nunca me fizeste nada de mal nem eu a ti. Simplesmente não havia motivo nenhum para estar assim. Resolvi finalmente naquele dia ter uma atitude.
Chegou a entrega dos prémios, para minha surpresa, fiquei com o segundo lugar. Ainda hoje não acho que o mereça mas não me importa, naquele momento isso foi muito importante para mim. Deu-me uma espécie de empurrão nas costas a dizer "Não sejas idiota! Tu quando queres e te esforças consegues tudo que queres!". De que modo um prémio de cosplay me ajudou a entender aquilo que já sabia mas que naquele momento me tinha esquecido? Não sei. É estúpido.
Mas não é isso que interessa! Falei contigo, andamos pelo FIA a passear com os outros. Fui sempre bitchy, como tu disseste. Realmente estava mesmo a ser. Queria provar a mim mesma que estava bem comigo mesmo e tu já não me afectavas. E olha, resultou. E muito bem! Toda essa crise passou-me. Estava feliz comigo mesma.

Consegui mandar-te uma sms de parabéns no teu dia de anos sem qualquer problema, e graças a ela conseguimos esclarecer algumas coisas e a partir dai parei de ter qualquer problema de falar contigo. O que se passou entre nós, lá está, passou. Move on, girl!

Chegou o dia em que eu e o Guilherme demos um tempo. Estive de férias por ai mas quando elas acabaram e com promessas das coisas serem diferentes, eu e ele voltamos. Mas mesmo assim dentro de mim eu sabia que não devia ter feito isso. Ele não merecia as minhas incertezas. Nem eu merecia outras coisas...

Por mera coincidência, na noite daquele torneio de Tekken em que ambos fomos e estivemos montes de tempo a tagarelar, eu e ele conversamos. Ele desconfiava e eu dei-lhe as certezas. Queria acabar com ele. Pois bem, acabamos. E eu senti um grande alivio se bem que consciência pesada. Nunca tive intenções de o magoar.

De vez em quando lá conversávamos e eu sentia-me feliz por as coisas estarem a voltar a ficar bonitas. Depois, quando nos anos do Gira nos enfiamos num quarto a ver filmes de zombies, o que era inesperado para mim (mas que queria muito que acontecesse) aconteceu. Voltamos a beijar-nos. Geez, como eu fiquei feliz. Pena foi nos terem interrompido a sessão.

A partir desse dia, Jesus, voltei a senti-me uma pita feliz. Voltamos a falar muito bem, eu conseguia abrir-me contigo, trocávamos sms... Ai, sei lá, apareceram-me borboletas no estômago. Agora era tudo bastante óbvio para mim, o que estava a acontecer.

Depois foram todas aquelas coisas... O dinheiro que gastaste a mandar-me sms no Natal, a nossa ida ao cinema para ver o Avatar e o sabor a "Fantas", o último dia do ano... Saímos dos Armazéns do Chiado sozinhos e deixamos os outros lá, andei finalmente agarrada a ti, foi tudo tão simples mas fofinho... A nossa despedida, quando eu ia para o Seixal com os outros festejar a passagem de ano na minha casa e tu ias para o Montijo festejar com a tua familia, o que me disseste ao ouvido... Opá, cenas lames (tudo no bom sentido, obviamente). Depois quando me ligaste à meia-noite para me desejares um Bom Ano novo... Quando me ligaste novamente do nada já com vinho tinto a mais no sistema e disseste que gostavas muito de mim... Olha, cenas...!
Foi uma passagem de ano awesome, 2010 prometia.

Estávamos sempre a falar e a trocar sms, sempre a dar hints discretos. Depois com aquela sms que dizias que tinhas ciúmes do Vic... Fuck, fiquei mesmo com a certeza absoluta que os meus sentimentos por ti finalmente eram mútuos. Penso que foi ai que de certo modo nos declaramos, foi óbvio. Depois, finalmente, dia 7 de Janeiro, no dia do meu décimo oitavo aniversário que fomos sair já com uma ideia do que iria acontecer. Fomos a Roma ver Sherlock Holmes, adormeci no teu ombro porque já tinha visto o filme... Fui uma fail, mas não importa! Quera era estar contigo. E bem, começamos a namorar, finalmente. Foi a melhor prenda que recebi, e a melhor maneira de entrar na "vida adulta".

A partir desse dia foi tudo tão bonito. Estava mesmo feliz com tudo. Mas tudo que é bom, dura pouco. Criaram-nos aqueles problemas com que estás bastante familiarizado mas que nem me vou dar ao trabalho de falar porque não merecem ser mencionados na coisa mais gay que alguma vez escrevi. E a tua não preparação para voltares a estar numa verdadeira relação.
Acabamos.

Já desconfiava, mas mesmo assim doeu muito. Sabias e sabes bem o que sentia por ti, tens razão quando dizes que me magoaste. Mas agradeço-te por teres sido sincero comigo e me teres dito todas aquelas coisas. Gostei muito de saber que não querias estragar nada comigo com as tuas incertezas. Eu também prefiro ter-te como amigo do que não ter-te de modo algum. És uma pessoa muito importante para mim.

Pouco me importa o que disseram e dizem sobre ti (e o que vão dizer depois de ler isto). Preocupaste-te e ficaste do meu lado a apoiar-me quando passei por aquela "crise", mas foi graças a ela que descobri com quem realmente podia contar. Actualmente já sei em quem confiar e só consegui desculpar uma pessoa. De resto, como tento não ser uma pessoa com ressentimentos, falo normalmente com as outras quando estou com elas, mas nunca mais será a mesma coisa. O que aconteceu pode ser tanto interpretado como uma coisa má, ao saber que perdi de certo modo alguns amigos, como pode ser uma coisa boa: Descobri quem são os meus verdadeiros amigos, o que me tornou ainda mais próxima deles e por isso, ironicamente, a minha vida deu uma grande volta. Agradeço-te por isso.
Não te sintas culpado, eu não perdi com isso, só ganhei. Tudo graças a ti. Por isso pára de pensar que falo mal de ti ou seja o que for! Às vezes pareces que queres mesmo que fale para, sei lá! Te aliviar de alguma coisa de mal que pensas que me possas ter causado?! Volto a dizer que nada na nossa relação me causou algum mal. É verdade que fiquei mesmo muito triste, mas isso passou. Não precisas de pedir desculpas, oh totó. Agora estou bem, tenho noção que cada um vai tomar o seu rumo e não me importo com isso. O que mais me importa é que ambos sejamos felizes.

Tenho a intenção de continuar a atormentar-te a vida, mas agora no papel de amiga. E ainda vou cumprir a minha promessa quanto aos comics! Qual chapéu qual quê, senhor André! Fico à espera de me ensinares a jogar, oh cara de cu!

Obrigado por teres ficado do meu lado.
Obrigado por teres sido sincero comigo.
Obrigado por me teres feito crescer.
Obrigado por existires.
Obrigado por tudo.

(Agora devias também tu agradecer-me por ser uma das mais pessoas mais awesome, linda e perfeita que conheces!)

E se lá atrás disse "Foi bom enquanto durou", agora vou ser super lamechas (até porque este testamento não é nada disso!!) e dizer: Foi o suficiente para se tornar inesquecível.
Sente-te importante! Vais estar sempre aqui (L)
(Agora depois de eu ter sido bué sincera começa a pensar que sou uma doida obcecada que levas é um pontapé no focinho, oh c*r*lho!)


Sê feliz, sabes que gosto muito de ti e vou estar sempre ao teu lado quando precisares.


Beijo.
...And I still see you.

1 comentários:

André Pereira | 3 de agosto de 2010 às 19:07

Odeio-te :(
Foi a coisa mais linda que já escreveram, com ou sem erros! :P
Descreves-te perfeitamente como as pessoas só sabem complicar o simples.
Se ao menos pudéssemos escolher de quem gostar seria tudo tão fácil, não?
Eu tinha saído de uma relação atribulada e quando estava a assentar, achava eu, começam todos aqueles dramas que me confundiram imenso, que te magoaram. E eu para me proteger e a ti também, terminei. Não estava pronto, não estou, mas quando saberei que estou?
Ah fuck it.
Sinto-me honrado por ser teu amigo e espero que estejas mesmo bem com os teus verdadeiros amigos.
Se sou um, ou não, logo se verá com o tempo.
Tudo de bom e temos de ver mais zombies!

Beijo e olha,

siga a vida, pitisses e borboletas :3